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domingo, 27 de julho de 2014

No zôo... uma experiência inesperada

Ir ao zoológico sozinho pode ser uma experiência e tanto... Observar e ouvir as outras pessoas, as sensações visuais e olfativas podem servir de prelúdio a ouvir também aquilo que está dentro de nós, os sentimentos, desejos e sensações... Por isso, decidi escrever, ou melhor, narrar um pouco do que me ocorreu nesta visita dominical do último dia 20/Julho.

Jamais esperei encontrar tanta gente. Isso foi a primeira coisa que me saltou à vista. Uma fila enorme de carros e outra fila tão grande quanto de pessoas a pé (como eu). No domingo, há uma linha especial que sai da Estação São Gabriel e vai até a porta da Fundação Zôo-botânica de Belo Horizonte, o Zoológico de BH. Ao entrar, pelo lado da Pampulha, somos praticamente recepcionados pelos felinos... O tigre siberiano e, logo em seguida, o "rei leão", como diziam as crianças, já criam alvoroço.

Após contemplar essas maravilhas do reino animal, continuo andando e sinto um cheiro forte de bosta de cavalo... Estava chegando à seção de um tipo de gazela... Órix... Esse animal me lembrou aquele tipo de bode chifrudo que é retratado em alguns desenhos animados usando óculos de sol e cantarola do uma cantiga enjoativa. Próximo a ele estavam a llama e o cervo dama.

Aves... Muitas aves. O pavão me lembrou o "kung fu panda 2"... Mas  qnd vi o tucano. Tristeza. Lembro de ver o bicho solto, na natureza, e até aqui mesmo em Belo Horizonte... Liberdade. Já tinha pensado nisso quando passei pela Ema e a imaginei correndo, selvagem.

Quando vi o avestruz, e seu grande porte, percebi que, se não existisse zoológico, teria que provavelmente ir a outro continente para vê-lo. Então, que me recusei a ver as araras vermelhas e azuis de perto. Nesse momento, senti meu coração em lágrimas e, então que, praticamente "voei" pela sessão das aves. Fiz o que elas já não fazem por aqui...

Sentei. Bebi água... Contemplei as araras, ao longe.

Imaginei que o mesmo poderia ser feito com seres humanos de diversos lugares do planeta. Essa ideia me aterrorizou. em alguma galáxia ou universo paralelo deve existir um zoológico com seres humanos sendo observados... Imaginei que poderíamos enviar alguns políticos pra isso. Faríamos um serviço de limpeza... Mas, pensei que seria propaganda enganosa da nossa espécie. Nós podemos ser melhores que isso e essa "amostra" estaria mais do que vencida.

Levantei, abandonando definitivamente a desoladora seção das aves.

A multidão é um indicativo de coisas interessantes. Chimpanzé. "faz alguma coisa legal". "ele tá triste". "tá preso, tá entediado". "nosso parente". "papai pq ele anda assim? Pq não anda em pé direito?" Foram as diversas frases que acabei ouvindo.

Olhei nos olhos dele. Fiz o que, hoje, pode ser considerado natural à nossa espécie. Tirei uma foto.
Dei a volta no espaço do chimpanzé... "eu venho no zôo e me dá uma depressão..". "oh, o bicho tá triste... Tá preso, né? Sacanagem...". Foram mais comentários que ouvi. De fato, o modo como estava sentado e a suposta expressão do bicho dava a impressão de um animal, no mínimo, entediado.

Muita gente de novo... Olho em volta e me deparo com nossa animalidade: lanchonete. =D O que nos distingue dos outros animais perece ser nossa capacidade de reflexão racional, sistemática e instrumental do mundo. Nós controlamos e fabricamos as coisas de modo deliberado. Mas, no fundo, todos acabamos também por sermos como que marionetes dos nossos próprios esquemas pessoais e sociais.

Quando entrei no zôo, já havia decidido pular os animais amazônicos porque já os conhecia... Agora,  pulo porque não quero vê-los presos. Tchau, anta. Cadê o tamanduá-bandeira? O ouriço-cacheiro dormindo junto com o tamanduá-mirim. Tchau, cutia. Lembro de ver cutias no Campus da UFAM quando estudei lá. Isso me trouxe outras boas recordações de pessoas e lugares que, agora, estão apenas na minha memória e história. Saudade.

O gosto do tracajá é muito bom. Sempre lembro de um almoço em casa dos meus avós, quando criança. Tracajá assado. Usando o casco e tudo... (Os protetores do animais podem ficar tranqüilos... Eu era criança!!! Mas, que é bom, é bom.)


O tamanduá tá na sesta. Girafa, sua linda, aparece pra mim. Rsrs. Dona Girafa tava almoçando. A Zebra também. Depois, volto. Vários bichos fazendo sesta, estejam eles em jaula ou não (confortavelmente sentados ou deitados sobre lençóis estendidos na grama). E alguns primatas, como sempre, querem privacidade. Foi assim que o Gorila se escondeu na sua pequena floresta particular pra descansar. Inspirado nos outros animais, sentei pra almoçar as frutas que trouxe. Um tempo depois, uma multidão eufórica corre: os gorilas saíram... Mas, se mantiveram longe, mascando suas folhas de eucalipto.

O hipopótamo e o rinoceronte me lembram um desenho de um elefante que assistia qnd criança na tv cultura: as aventuras de Babar (um rei elefante). E, de repente, uma viagem pela literatura brasileira... Dentro do zoológico, uma casa com uma uma exposição em homenagem a Fernando Sabino. Extraordinário. Ao longo dos painéis, pude contemplar como ele foi bem relacionado com outros grandes espécimes de nossa prosa e verso... Drummond, Vinicios de Moraes, Manuel Bandeira... Enfim. Um banho de cultura.

Finalmente, pude ver a girafa, o rinoceronte e o elefante. Estranho... Mas, muito legal. E a zebra... Ainda comendo. Ô bicho esfomeado. Quando já estava fora do zoológico foi que me dei conta de que tinha esquecido de ir ver o camelo.... Mas, daí isso fica pra uma próxima vez. Agora era hora de ir contemplar o por-do-sol na Praça do Papa, de onde se tem uma linda visão da cidade de Belô.

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